segunda-feira, 31 de março de 2014

Idade morna

Ao chegar aos sessenta
quase tudo é previsível,
pois a experiência acumulada
encurta grandes expectativas.
Não que não se sonhe,
que planos não façamos,
mas são diferentes
até mesmo os sentimentos.
Algo que anos antes
nos causava frenesi,
ora, ja não nos excita,
pois na maioria das vezes
não nos surpreende mais.
Quando assim nos permitimos, 
vivemos intensamente,
apesar de para muitos 
soarmos imperceptíveis.
Somos capazes, criativos,
senhores de nossos destinos,
mas para os jovens
ultrapassados, frágeis,
dependentes e carentes.
Eles creem que
a modernidade apenas veio
para eles e seu clã;
não sabem que
também fazemos parte
dessa era. desse século,
dessa vida, desse mundo.
Aquilo que dizemos?
É obsoleto, sem conteúdo,
apenas palavras soltas,
tentativas de comunicação.
Enturmação com eles?
É rara, difícil,
apesar das tentativas.
Eles sabem tudo,
são modernos, conectados
e donos da verdade,
embora, às vezes, distorcida
por valores duvidosos,
imprecisos, preconcebidos.
Ah, se eles soubessem
que a idade demanda
sabedoria, experiência,
vivência e bem querença...
A raiz da questão
é que estão no desabrochar,
no despertar, apenas a sonhar.
Tornam-se egoístas,
irreverentes, inconsequentes,
pois apenas suas necessidades
são prementes.
Chegam a não enxergar 
nada, ninguém,
pois são eles a razão de ser
de tudo o que ocorre
no mundo de agora
Ora...

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