SINA DE AVÓS
Quando os rebentos chegam,
Exultamos de alegria.
Eis uma nova vida
Saída da vida da gente
Pela terceira vez;
Pois nossos pais nos conceberam,
Filhos já tivemos,
Que outros já geraram
E que aí estão pra vida prosseguir.
No entanto,
Quando pequenos, indefesos,
Sempre à nossa volta estão
Pedindo colo, carentes,
Manhosos, dengosos, mandões.
É quando nos desdobramos
Pra suprir, junto aos pais,
Tais necessidades prementes.
Mas, o inexorável tempo passa
E começa a surgir, então,
O tal distanciamento.
Agora somos velhos,
Desconectados, desatualizados,
Exigentes demais!
Evitam conversas,
Trancam-se no quarto,
Recolhem-se a seu mundinho,
Onde as pessoas confiáveis,
As confidentes, presentes,
São agora os seus iguais,
Atrás da tela de computadores,
Tão fiéis!
Mas quando, timidamente,
Tenta-se entabular uma conversa,
Estão sempre apressados, ocupados
E nos ouvem com tal enfado!
E, pior do que isso
É sentir-se invisível,
Mesmo estando ao lado
Todos os dias,
Em todos os momentos.
Dói demais sentir-se ignorado
Por seres tão queridos,
Tão aconchegados,
Atendidos em suas vontades,
Nos momentos mais inesperados.
O que eles deveriam saber
É que os anos passaram,
As rugas aconteceram,
Mas o amor
Cada vez maior é,
Mais forte, desmedido mesmo.
E que por eles torcemos,
Pra eles queremos muito,
Mas especialmente muita luz, proteção
E amor no coração.
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